Tuesday, May 27, 2014

O Masoquismo do Torcedor


     Você torcer por seu time de coração é salutar, gostoso e principalmente quando a equipe ganha. Mas quando o torcedor sofre por outras equipes, é puro masoquismo.    Vejamos: time  X é do seu coração e time  Y  e do coração do seu colega ou de uma pessoa desconhecida. Time Y ganha e você fica sofrendo. Exemplo: Você torce pelo Flamengo e sofre quando o Vasco ganha. Você torce pelo América-RN e sofre porque o ABC-RN ganhou ou vice versa.

     Esse sofrimento desnecessário pode trazer hipertensão, estresse, gastrite, alcoolismo, briga entre torcidas, morte e muito mais.

     Para você ter uma vida saudável, torça por seu time de coração, se preocupe com o seu.

     É melhor esquecer o time dos outros ou morrer com o cérebro contaminado pela fumaça dos fogos de artifícios ora explodidos para comemorar as vitórias da vida?  

 

Wednesday, May 21, 2014

CULPA


     Considero, a culpa no existencialismo não como um sofrimento psicológico que o ser humano traz subjetivamente com sentimento dentro de si, mas sim como um tema estudado pelos existencialistas através da ontologia com seus princípios, sua existência e essência, e é ela oposta a outra significação de culpa que no caso é objetiva e diferente do subjetivo, significado este, que trata de causa e efeito, o dolo, produzindo danos aos direitos dos outros.

    Na culpa subjetiva, o sentimento apresenta-se quando a consciência da pessoa tem avaliação dos seus atos.

     Como este ensaio não é formal, utilizei mais o cunho literário, óbvio, tentando explicar a teoria da culpa. Para termos uma idéia de como um ser humano se comporta quando percebe que tem culpa, vamos mostrar o relato da estória de Bruce Lee, 30 anos, bancário, solteiro. Este nome foi escolhido por seu pai, que adorava os filmes de karatê, mas que ele não gostava e muito menos dos filmes.

     Esta narrativa, Bruce Lee começou a explorar numa Universidade, convidado por um aluno do curso de psicologia, para ilustrar um trabalho na disciplina Teoria Existencial-Humanista, onde ele, o próprio Bruce Lee, além de narrar o acontecimento que mudou sua vida, também fez reflexões sobre o sentimento de culpa na base da teoria existencialista.

     Tudo começou numa quinta-feira, dia 12 de agosto, comemoração dos seus 25 anos. Ele aproveitou e ficou noivo de uma linda garota de 20 anos. A festa foi completa, com jantar e troca de alianças.

     No dia seguinte, noite de sexta-feira(13), ele contava os minutos para sair com sua noiva, iria pegá-la às 22 horas. Foi quando seu celular tocou, era seu colega de trabalho, avisando que sua noiva estava numa boate, localizada numa praia distante 90 quilômetros de sua cidade. Ela estava entre beijos e abraços com um cara. Ele não acreditou, rapidamente ligou para o celular dela, mas deu fora de área ou desligado. Pegou seu carro e saiu em velocidade até a casa da moça, mas encontrou fechada, tudo apagado. Ele ficou desesperado e sem pensar duas vezes, foi para a praia onde seu colega disse que ela estava lhe traindo.

     Quando chegou na boate, entrou se escondendo e viu sua noiva com uma saia bem curta e o cara colocando a mão entre suas pernas e puxando a calcinha dela, além de beijar a boca da moça ardentemente. Ele ficou pasmo, estático, mas se dirigiu até o bar e bebeu todas, bebia uísque duplo. Quando o barman percebeu que ele estava embriagado não lhe serviu mais. Certamente o Bruce Lee, pagou a conta e saiu no seu carro em velocidade, voltando para sua cidade.

     Na BR, ele dirigia descontrolado, olhava para a aliança e chorava copiosamente. Em seguida, soltou as mãos da direção, retirou a aliança e arremessou pela janela. Foi quando o carro saiu da pista de rolamento e capotou várias vezes. Ele não estava usando o cinto de segurança.

     Dias após, ele acordou no hospital todo enfaixado, tentou mover as pernas, fez força, juntamente com caretas, mas não conseguiu. O médico entrou no leito e informou que ele tinha ficado paraplégico, por causa de uma lesão na coluna espinhal, mas que só tinha comprometido as pernas e que ele teria uma vida normal, principalmente com relação a sexo. A notícia transformou Bruce Lee num moribundo culpado, o sentimento de culpa tinha se instalado dentro dele.

     Em casa sua rotina era de tristeza, pois passou quase um ano de licença médica e a lembrança daquela cena da ex-noiva foi transformada em culpa, ele achava a ex-noiva culpada, não a que ele carregava, mas a culpa do dolo, a culpa objetiva.

     O tempo foi passando e ele virou cantor de banheiro, pois pensava na culpa subjetiva e na objetiva da ex-noiva. Uma de suas músicas preferidas era: “É preciso saber viver”, de Roberto e Erasmo Carlos. Em sua cadeira de rodas, ele ficava embaixo do chuveiro e começava a cantar: - Quem espera que a vida, seja feita de ilusão, pode até ficar maluco ou morrer na solidão, é preciso ter cuidado pra mais tarde não sofrer... Ele ficava excitado pensando na cena da traição da ex-noiva e começava a se masturbar e cantando o refrão: - É preciso saber viver... é preciso saber viver...   Quando gozava, relaxava e continuava cantando: -  Toda pedra no caminho, você deve retirar, uma flor que tem espinho, você pode se arranhar, se o bem o mal existem, você pode escolher... é preciso saber viver. 

     Seu sentimento de culpa aumentava a cada dia, mas ele ficou um pouco aliviado quando voltou a trabalhar, seus colegas fizeram  uma grande festa na sua volta e aquele colega que avisou sobre a traição de sua ex-noiva tinha pedido transferência para outro estado, pois se sentiu culpado com todas as culpas, objetiva e principalmente subjetiva.  Bruce Lee quando soube, ficou ainda mais triste, pois não julgava seu colega culpado e depois entendeu que ele poderia está com a mesma culpa que carregava.

     A rotina de Bruce Lee não mudava, do trabalho para casa, de casa para o trabalho. Mas ele além de continuar cantando no banheiro, passou a assistir os filmes de Bruce Lee que  tanto detestava, pois quando o ator usava as pernas para bater no inimigo, o Bruce Lee cadeirante, se via usando suas pernas para bater no seu inimigo que era a culpa. O ator batia no vilão do filme e ele pensava que batia na culpa. Bruce Lee não recebia visitas, não usava mais celular, nem computador para ver redes sociais.

     Certo dia seu vizinho, insistiu tanto que ele lhe recebesse e Bruce Lee atendeu ao pedido daquele senhor evangélico. O senhor disse para Bruce Lee que tinha um lugar, onde ele ficaria curado, andaria novamente e levou o rapaz para uma Igreja Evangélica.

     O culto já estava preparado, o Pastor já sabia de toda a vida de Bruce Lee.      Quando o rapaz estava no altar, o Pastor entrou dizendo: - Meus irmãos, meus irmãos tenham fé em Deus, assim jamais se sentirão culpados. Bruce Lee enxugou as lágrimas sentindo a dor da culpa mais forte. O Pastor foi até perto de Bruce Lee e disse: - Levante irmão Bruce Lee, levante, tenha fé e ande. Naquele momento o Pastor entregou uma bengala de madeira para o rapaz, este pegou o objeto, se apoiou, levantou-se com muito esforço e caiu sobre a bengala.

     No dia seguinte Bruce Lee acordou no hospital com a cabeça enfaixada. A enfermeira entrou e disse: - Foi só um susto rapaz, um corte superficial, o médico já lhe deu alta. Quando a enfermeira saiu, entrou uma jovem, era uma estagiária de psicologia. Ela muito simpática conversou com Bruce Lee e perguntou se ele não queria fazer terapia e lhe explicou os benefícios. Bruce Lee disse: - Com esta dor que sinto no peito por causa dessa maldita culpa, vou aceitar seu convite e perguntou: - É com você a terapia? A moça sorriu e respondeu: - Não, ainda sou estagiária.   Ela lhe deu um cartão de uma psicóloga, sua ex-professora, que trabalhava com a abordagem humanista.

     Dias depois, Bruce Lee começou a sessão de terapia, duas vezes na noite, na segunda-feira e  sexta-feira. Na primeira sessão, ele foi logo dizendo que seu grande problema era a culpa por estar naquela cadeira de rodas. Ele relatou seu acidente e a possível causa. Aquele relato foi o primeiro e ele já sentia com um pouco de alivio. A psicóloga escutou tudo sobre seu acidente e o que provocou. Depois falou que a culpa não era um sintoma específico e que ele tinha que esquecer o que aconteceu e procurasse acreditar em suas possibilidades existenciais e não renunciasse sua liberdade. Ela continuou conversando com Bruce Lee, que escutava atento. - Você precisa respeitar a condição do ser humano, se tem defeitos ou não e também a sua condição de ser um cadeirante. Você não precisa dimensionar sua responsabilidade social. Não pense em culpa como patologia. Não transforme essa culpa em doença e sim em existência. Tenha mais relacionamento com o próximo.

      Morrendo de vergonha, Bruce Lee disse que era ateu. Ela disse: - É normal, mas já que não acredita em Deus, porque não acreditar no destino, na vida. Você é o que há de ser. Logo após as palavras da psicóloga, tinha completado  a hora e a sessão daquela noite acabou.

     Em casa, Bruce Lee colocou a cabeça no travesseiro e começou a se questionar: -  Essa culpa que eu carrego dentro de mim não tem nada haver com o acidente, é diferente da causa e efeito. Não é me responsabilizando por ter bebido muito álcool e ter ficado numa cadeira de rodas é sim uma questão de sentimento, é sim uma dívida comigo mesmo e com sociedade. Também não quero culpar mais aquela vagabunda. Fui atrás dela, porque estava apaixonado. Isso faz parte do destino, de nosso ser.

     O tempo foi passando e Bruce Lee a cada sessão de terapia se sentia muito melhor e já estava vendo a vida e outra forma. Já a psicóloga percebeu que estava conseguindo mudar a vida de Bruce Lee. Ele disse para a psicóloga que  já não cantava mais se masturbando no banheiro, pois aquela cena da traição da ex-noiva era coisa do passado que tinha esquecido aquele cantor de banheiro e agora era um poeta.

     Certo dia, ele levou um buquê de flores, juntamente com uma poesia  para a psicóloga. Mesmo constrangida ela aceitou que ele recitasse a poesia, mas como profissional ela percebeu que se tratava de um desabafo interno do rapaz. Ele entregou as flores e começou a recitar: - Gostosa será a coisa, se tão tiver um fim, eternas como palavras, que dizem coisa de mim, coisa boa, coisa formosa, de tanto oferecer prazer, se torna maravilhosa, penetrando no meu ser, ergue inteiramente meu sim, deixando eu forte e potente e afastando a coisa ruim... Estava explícito que a coisa ruim que ele queria dizer, era a culpa.  Mas, Bruce Lee continuou: - Enfim aparece a coisa humor com sorrisos e alegria, idealizada pela outra coisa macia, que é chamada coisa amor.

     Para Bruce Lee, naquele momento a culpa que ele tanto trazia dentro de si, transformou-se em amor. Ele percebeu que estava completamente apaixonado pela psicóloga, pois ele sabia que além de bonita, era solteira e aparentemente não tinha namorado. Ela percebeu a paixão do rapaz e as sessões de terapia foram ficando mais difíceis para os dois lados, terapeuta e cliente. Pois ele  não se concentrava mais, pois morria de tesão por ela e a mesma ficando sem graça ao explicar suas teorias. Acredito que ela já poderia estar se sentindo culpada. Será que ela estava com a culpa por ter lhe ajudado e está passando por aquela situação?

     Diante de tal fato, a psicóloga procurou  um psicólogo desconhecido, pois a ética não permitia colegas e começou a fazer terapia. Pelas evidências, ela poderia realmente ter dentro de si, esse sentimento de culpa.

     Certo dia numa sessão com Bruce Lee, ela disse para ele que não podia mais atendê-lo, que iria indicar outro psicólogo, porque ele não poderia deixar de fazer terapia, seu tratamento estava muito além das expectativas. Ele triste, após escutar as palavras da psicóloga, enxugou as lagrimas com as costas da mão direita e perguntou: - Porque? Porque?  Porque eu tenho culpa de gostar de você, de querer você, de estar com você. Ela respondeu: - Não é isso Bruce Lee, sou humana, existo e estou me sentindo culpada por ter também me apaixonado por você, estou até indo para sessão de terapia, precisava dizer o que sinto. Eles se beijaram. Dias após, se casaram.  Hoje tem um filho e Bruce Lee procurou outro terapeuta, continuando com suas terapias.

     Mas acredito que eles não estão curados e sim aliviados. Parto do princípio,  sempre que possível terão essa culpa subjetiva dentro de si mesmo. Pois, diante da premissa que a culpa é um sofrimento com reprovação intrapessoal, creio que esse sentimento pode ser superado com o processo psicanalítico, analisado por imagens negativas que temos em nossa mente, no entanto, podem ser superadas sem frustações precipitadas dentro de nossa consciência moral e social.       

 

 

 

               

 

Monday, May 12, 2014

PSICOLOGIA DO ESPORTE







Domingo, dia das mães, 11 de maio de 2014, depois do tradicional almoço, fui procurar se a nossa seleção brasileira de futebol tem psicólogo e encontrei  este texto de Renato Miranda que é  graduado em Educação Física (UFJF) e possui mestrado e doutorado em Psicologia do Esporte, no site: http://www2.uol.com.br/vyaestelar/psicologiadoesporte_copa_do_mundo01.htm  e concordei com ele. Acredito que esta critica foi escrita para a seleção de  2010, pois ele inicia o texto assim: O técnico da seleção brasileira de futebol Dunga não acredita em treinamento psicológico. Pelo menos para a Copa 2010. Entendo de certa maneira essa posição. Na maioria das vezes em que se falou em treinamento psicológico na seleção de futebol, tivemos: psiquiatra, “especialistas” em autoajuda, “motivadores”, psicólogos não especializados e, portanto, houve de tudo, menos psicologia do esporte propriamente dita. Ele   segue: Com isso há um pré-conceito negativo em torno de temas fundamentais para o desenvolvimento do rendimento esportivo como, estresse, ansiedade, concentração, motivação e outros.

Mas veja o texto do Renato.
Pergunte a qualquer aluno iniciante em educação física e áreas correlatas ou até mesmo para um desportista:

Quais os elementos que compõe a preparação de um atleta, desde a iniciação esportiva?

Todos eles terão na ponta da língua: treinamento técnico, físico, tático e psicológico. É quase um bordão no discurso de jornalistas, técnicos e jogadores de futebol.

Assim sendo, desde a tenra idade, as habilidades psicológicas deveriam ser aprendidas e desenvolvidas: desde a habilidade de se concentrar ao controle emocional, passando pelo aprendizado de técnicas de relaxamento, ativação e automotivação, tudo isso deveria fazer parte da formação de nossos atletas de futebol de maneira sistemática e continuada. Em uma Copa do Mundo de futebol, o treinamento psicológico seria então tratado como as demais formas de preparação (física, técnica e tática) e não como algo extravagante ou desprezível.

Como a seleção brasileira de futebol não consegue perceber que é possível reverter esse quadro, insiste em deixar que o estilo de cada técnico determine o que deve ser feito. Em consequência, não há um programa ou sistema de desenvolvimento do treinamento psicológico em nossas seleções de futebol.

Deixar nosso desempenho em Copas do Mundo de futebol somente à mercê de nosso talento e técnica é ratificar a história de perdermos várias Copas que poderíamos ganhar. O treinamento psicológico se expande no âmbito de um ambiente esportivo com consequências positivas.

Além de melhorar o rendimento dos atletas no campo de jogo, permite ao atleta aprender e aperfeiçoar comportamentos fora do ambiente esportivo que o ajudarão em suas tarefas esportivas.

Veja alguns exemplos:

- “Estudar” as ações do adversário de forma independente e programar mentalmente aquilo que tem que ser feito. É o caso de goleiros que avaliam como determinado jogador chuta em gol e, portanto, se prepara melhor para enfrentar o mesmo;

- Em outra situação, saber executar exercícios de relaxamento de maneira autônoma para poder dormir mais rápido e profundamente. Você já imaginou a hipótese de quantos jogadores não dormem bem antes de um jogo decisivo em função da alta ansiedade?;

- O treinamento psicológico proporciona o aprendizado de um melhor relacionamento com a mídia e ameniza ou evita a tensão natural de uma convivência diária de opiniões e críticas divergentes;

- O treinamento psicológico atinge também a comissão técnica, principalmente o treinador, quando o mesmo pode aprender como regular sua ansiedade na hora do jogo para poder pensar melhor. Aos poucos saberá como se relacionar adequadamente em entrevistas coletivas e enfrentar situações adversas, além de aumentar sua capacidade de tomar decisões rápidas e oportunas.

Essas e outras consequências são frutos do treinamento da concentração, da automotivação, da ativação básica (excitação nervosa), mentalização, relaxamento e outros.

Duas perguntas básicas:

Com esses pequenos exemplos podemos chegar à conclusão da importância do treinamento psicológico para a disputa de uma Copa do Mundo de futebol?

Queremos ganhar mais uma Copa. Sinceramente, pela nossa cultura futebolística e potencial, creio que poderíamos ter ganhado muito mais e ao mesmo tempo ser modelo de preparação e comportamento.

Nossa seleção deveria ser regida pela alegria e tranquilidade. Temos talento para nos permitir agir assim. Ganhar e se comportar bem são produtos de formação e treinamentos de qualidade. Quando não se sabe o que e como fazer aí sim só resta insegurança e brutalidade. Não é à toa que tivemos mais decepções do que glórias em Copas do Mundo.

Que os lampejos da técnica individual nos dê mais uma Copa. Será?


Mas agora em 2014 muitos podem não ter percebido foi a inclusão, em sua comissão técnica, de uma psicóloga do esporte. Regina Brandão(Foto) já havia trabalhado com Felipão no Palmeiras e na seleção brasileira e sua convocação mostra como, quando o trabalho psicológico é bem feito, é reconhecido e valorizado pelos outros profissionais,






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